ESQUIZOFRENIA E
CANCER
(Mesmos
Genes?)
Apresento
uma frase de uma paciente de 17 anos que conheci há muito tempo.
A
frase que ela me disse depois de levar mais ou menos uns 300 eletrochoques numa
Clinica Psiquiátrica nos anos 70 no Rio de Janeiro, foi a seguinte
“O
câncer é a esquizofrenia das células”.
Achei fantástica essa frase que me guiou sem
eu mesmo me dar conta desde daquela época até agora.
A paciente,
ficou um ano sem falar com ninguém
depois dessa celebre frase que atribuiu à mim, até morrer.
Chegou
a mim demenciada e atrás disto um resquício de esquizofrenia paranoide, que só
apareceu depois de “curarmos juntos” sua demência ocorrida após do grande número de
eletrochoques.
Isto
pode merecer uma explicação se alguém se interessar. Ninguém na família da garota tinha tido
câncer aliás eram todos de uma longevidade incrível. A família costumava “encolher” (ao invés de
morrer) durante muitos anos até finalmente um dia morrer. Isto me faria pensar que tinham ido a
Bulgaria se tratar com a Dra. Ana, pois
eram muitos ricos. “Conheci várias
pessoas assim”.
Olhando
agora para traz e fazendo relatos para mim mesma sobre os ultimas descobertas
genéticas do câncer e vi que são óbvias.
Sei desde pequena que câncer de mama passa de mae para a filha. Como
sabia que diabetes era a mesma coisa. Via
a família de minha mae morrendo de
diabetes e a família de meu pai, apresentando loucura, doenças mentais as mais
diversas. Não estou tergiversando, nem
querendo me expor. Como é genético não é
dado a ninguém o direito de escolher seu DNA, do qual tomei conhecimento no
segundo ano da Faculdade de Medicina.
Tinha recém sido descoberto. Foi
uma festa. Para mim fechou toda e
qualquer duvida a respeito da “herança
genética” que cabia a todas as pessoas
da vila em que nasci.
Pai
alcoolista, filho alcoolista, mae com câncer, filha com câncer. Isto lacrou com selo de ouro meus
conhecimentos infantis a respeito do que hoje se chama genética. Foi observação minha pois ia a todos os
enterros da pequena vila, representando a família. Hoje sei o nome das doenças
que mataram a todos, um por um. Na época
nada sabia obviamente de câncer, cirrose, ou outra doença qualquer. Mas fazia minhas contas. Eu adoro o
obvio.
Voltando
a Esquizofrenia X Cancer de mama, vou relatar algo que nunca vi escrito mas
parece que Freud teria dito que ninguém
tem duas doenças graves ao mesmo tempo.
Isto é: uma doença física e outra mental. Agora acho, que é obvio que o mental manda em
tudo, na magreza, na gordura,
no alcoolismo enfim qualquer coisa que se procure.
A
neurociência nos explicará tudo melhor.
Eu aguardo.
Tive
um paciente esquizofrênico cuja mae tinha câncer de mama “ela era jovem para
ter esse câncer” que na época era morte
certa e lenta. Isto aconteceu numa
clinica onde estava a moça citada acima cuja mae era sadia. Bem,para não entrar em delongas, como soe
acontecer na família do psicótico, quando um melhora, o outro piora. O rapaz saiu do surto psicótico e a mae
cancerosa, só para chatear o Dr. Freud,
surtou e acabou por morrer esquizofrênica com câncer. Proeza.
Acho
que os pesquisadores fizessem clínica
junto às Pesquisas, descobririam mais rápido o que os genes são capazes de
fazer e de maneira muito rápida.
Já vi muitos “esquizofrênicos” colocando a
esquizofrenia numa parte do corpo, como
na gordura, obesidade.
Nem
vou falar nos que em vez de terem um surto na adolescência “são mais sadios”,
se “casam” com quinze, dezesseis anos até vinte , vinte e dois. Chamo-os de pessoas que se hospitalizaram uma
no outro. Ficam “deslocando” a doença em
vez de adoecerem mentalmente, fazem uma
pseudo-família com filhos etc.
Separam-se
aos 23, 24 anos, mas não tiveram o surto psicótico a que tinham “direito” pela genética.
Voltando
a paciente da frase que me levou a fazer este pequeno trabalho eu queria dizer
que a mae, não sei de onde, não tinha antecedentes genéticos com a melhora da
filha aos sessenta anos, teve um câncer no intestino. Tratada bem, viveu até os oitenta anos bem,
quando uma teve uma recidiva do câncer de intestino, veio a falecer. A filha já bastante livre da esquizofrenia,
morreu pouco tempo depois com câncer de estomago.
Estou
poupando meus leitores colocando poucos
casos clínicos. Tenho muitos outros
iguais.
Agora
tenho como técnica usual tratar do narcisismo auto destrutivo dos pacientes psicóticos com parentes cancerosos durante bastante
tempo, espaçando consultas, pois enquanto mais idades tiverem, menos riscos de
câncer grave ou sem cura.
MAL DE ALZHEIMER
Volto
a escrever sobre o Mal de Alzheimer pois tenho adquirido alguma experiência com
este mal que penso ser o mal da atualidade.
Um problema de circulação cerebral e ao mesmo
tempo uma diminuição da massa cerebral, que acontece na velhice. Tenho a fantasia que a medida em que
envelhecemos, e isso já sabemos, diminuímos como que por “encolhimento” o cérebro.
Com isto a circulação cerebral diminui ou desaparece em alguns pontos.
Como
é que a memoria recente é o principal aspecto que se apresenta, é o que eu não consigo
entender. Um dia alguém vai me
dizer. O que sei por enquanto é como
tratar sem maiores sofrimento para o paciente, a família, para que todos
estejam de acordo, quando a pessoa com o Mal de Alzheimer, se mostra desmemoriada.
Há
problemas narcísicos mal resolvidos em alguns familiares que não seguem o que lhes é dito para fazer e irritam o idoso/idosa, e a partir dai, começa um circulo vicioso e
mal estar em casa.
A
pessoa com o Mal de Alzheimer pode se tornar agressiva com o cuidador e fica
taxada como a que precisa de uma internação.
O funcionamento
da família é exatamente igual a da família psicótica. - O “louco”
aqui é o “desmemoriado” e é o que
precisa ser afastado . Não concordo com
isso. Deveria o Ministério da Saúde
fazer um curso por televisão para ensinar as pessoas a tratarem dos seus
velhos.
PSICOFOBIA
Doença que atinge grande parte
dos psiquiatras, atualmente, que discriminam os esquizofrênicos chamando-os e a
seus familiares pelo nome de Transtorno Bipolar.
E agora, os mesmos colegas acham
que esquizofrenia não tem cura. E escrevem
isto na mídia sem lembrar que tais pacientes tem risco de suicídio e dizer
taxativamente que uma pessoa tem uma doença sem cura é empurrá-la para o
suicídio.
É CRIME MESMO!!!
Publicado originalmente em: 12/11/2012
BATMAN X CORINGA
Incrível! Acordar de manhã e
ouvir uma noticia terrível como a morte de 12 pessoas num cinema. Até um bebê.
Um americano fez isso em sua própria casa e não no Iraque como Bush e na Síria
como Obama. Tudo bem, isto é politica e terrorismo. O rapaz estudava
neurociência. Isto pode levar, (na minha vã filosofia, adquirida por conta de
minhas vivências infantis), o sujeito a pensar sobre a existência ou não de
Deus. Todas as religiões tem um Deus. Um Deus fora de cada um de nós e que dá
conta de cuidar de todos nós. Aprendi isso em criança no catecismo. Depois assisti
sermões em missa desde 4, 5 anos de idade em que os padres vendiam cadeiras no
céu, e falavam, por exemplo: que o Sr. João da Ferraria tinha lhe prometido um
porco e uma galinha e que outra paroquiana tinha que casar de preto. Enfim eram
coisas Fellinianas que me levaram a conclusão que este Deus não deveria
existir. Devia existir sim, alguma outra coisa que eu não sei até agora. Estou
assistindo sempre a procura cientifica do começo do mundo. Até agora não tive
resposta como vocês meus leitores. Portanto desde pequena não acredito no Deus
do Papa Bento. Acredito no deus do Joao XXIII, porque ele era puro de alma.
Aparecia isto na sua doçura na gordura e sua bondade. As freiras com as quais
fiz o ginásio, a maioria extremamente má como pessoa, se diziam noiva de
Cristo. Jesus Cristo um grande sujeito, meu ídolo que não sabia que iria virar
uma multinacional fantástica, com direito a Banco, lavagem de dinheiro e todas
as outras sacanagens politicas e sexuais, que não vamos tratar aqui agora. Sou
apenas uma ledora psicanalítica de noticias. Juntando lé com cré, imaginei
Coringa, um assassino absolutamente frio e doloso e não apenas um assassino
Louco. Há probabilidade raras, de um louco se tornar violento. Vi sua cara de
paisagem na TV, e seu olhar era de psicótico. A postura de arrogância de american citizen Muito bem, muitos
físicos e matemáticos, com traço de personalidade esquizofrênica chegam numa
hora qualquer nos seus experimentos, não sei por que, chegam a descobrir que
Deus não existe. Aquele que tudo vê e tudo faz. Neste momento (da descoberta de
algo importante nos seus experimentos) eles ficam loucos, pois são propensos à
Loucura e seu ego despedaçado perde-se de seu deus particular. Voltando ao
Coringa, tem genes para esquizofrenia (psicose) , porém um esquizofrênico
surtado não tem capacidade e nem vontade de matar os outros. Ele pensa em SE
MATAR. Se chegar a matar alguém, raro, é por “acidente”. Não é doloso. O doloso
é o que nasce com genes de bandido e BANDIDO NASCE BANDIDO E MORRE BANDIDO. E
ninguém entende o que se passa na cabeça dele por isso o chamam de maluco.
Coitado dos loucos!! O bandido pode ser diabético, esquizofrênico, louro,
cineasta, deputado, banqueiro ou senador. Enfim para botar uma mascara contra
gazes para jogar nos outros o Coringa se protegeu e tinha um apartamento cheio
de armas coisa impossível para um psicótico. Me incomoda profundamente ouvir da
mídia que não compreende o bandido, e nem eu, e chamá-lo de louco. O louco é
compreensível. Para compreender o bandido tem que ser bandido, não acham? Volta
a falar da falta de um deus e um diabo interno e não Deus que se existisse as
pessoas seriam saudáveis e felizes pelo que contam os assessores terrenos dele.
Não haveria fome na África, no nordeste os caras da Sudene já teriam resolvido
o problema da seca, enfim NÃO haveria bandidos no mundo inteiro. Aliás, o
primeiro bandido chamado Caim, segundo me consta foi o Deus que fez, ou foi o
Diabo???? MAS DEUS NÃO MANDA EM TUDO? Não quero aqui provar nada , só mostrar a
hipótese que tenho do Coringa (rapaz que matou as 12 pessoas). Acredito que o
rapaz tenha enlouquecido ao descobrir a inexistência daquele Deus que fez o Céu
e a Terra (ele estudava neurociência) e deu de cara com o seu bandido interno,
que todos temos na fantasia, a não ser os mentirosos. Em vez de pensar como nós,
ele AGIU e matou por ser bandido e não por ser esquizofrênico. Todos nós temos deus
e diabo na fantasia, não quer dizer que vamos matar alguém, não temos o genes
homicida. Isto é um recado geral, pois psiquiatras escandinavos (treze) achavam
que um rapaz que matou várias pessoas (setenta) é esquizofrênico (da Noruega).
Querendo que agente pense que Hitler era coitadinho, esquizofrênico e não
genocida. Alias tem mais gente que precisa ir para a Corte de Haia, em vez de
ganhar o Premio Nobel da Paz. Falando nisso meu diabinho interno acaba de me
informar que o Catarata (Cachoeira) não tem nem deus nem diabo dentro dele, vai
acabar encontrando um cara igual a ele. Vocês se lembram do PC Farias?? Eles
devem ter outro tipo de Deus – o que joga, fiscaliza e cobra pênalti no fim do
segundo tempo aos 47 minutos e 30 segundos. E o gol sempre é contra. FIM
Publicado originalmente em: 30/07/2012
ALZHEIMER
Querida Lydia, já que gostaste da
aula de psiquiatria aÍ vai uma dica sobre como e fácil tratar pacientes com
síndrome de Alzheimer:
1. Concordar com tudo o que o
paciente diz e faz, menos com suicídio.
2. Preparar um cuidador que em
geral é uma empregada doméstica e que logo vai aprender.
3. Não deixar os filhos chorarem
se papai ou mamãe não os reconhecerem. Logo a pessoa que vai cuidar e a família
do doente tem que deixar de lado seu narcisismo, botar no vaso e puxar a
descarga.
4. Se a pessoa precisar de
medicamentos para dormir, dar uma boa Receita Médica. O mesmo se estiver
ansiosa durante o dia. O básico então é só isso. Tenho tratado muitos pacientes
assim, sem o mínimo problema. Um problema que eu tive foi com uma filha de 60
anos que era minha paciente. E dizia chorando: “papai não me reconhece mais,
quer voltar para Madureira, onde tem uma mulher e uma filha”. É claro que quem
levou porrada de mim foi ela. Estava preocupada consigo mesmo!! Até que muitas
porradas depois ela entendeu que a doença não era contra ELA . Um dia o pai com
Alzheimer lhe deu uma joia, ele fora vendedor de joias. Ai ela entendeu que no
inconsciente ele sabia quem era ela. Coitado do velho. Só há um problema por
aqui Lydia, temos colegas bacanas que estão receitando um remédio caro e
fantásticos que enlouquecem os pobres dos pacientes. Só não vou dizer o nome do
mesmo que não sou burra e brigar com laboratórios. Só vou dizer como começa a
bula e como termina. Aliás, me lembrei que há quarenta anos um colega me chamou
de ledora de bulas, sou mesmo, ele por não lê-las ia deixar morrer uma paciente
que cuidava e que eu passei a cuidar.
Pois bem Lydia, ai vai a Bula:
Primeira linha da bula: (este
medicamento é para doentes com mal de Alzheimer). Última linha (este
medicamento não pode ser usado por crianças de menos de 2 anos ou idosos com mais
de 60 anos). Não é absolutamente fantástico??? Vai acontecer que daqui há
alguns anos depois de haver muitos e sérios problemas como aconteceu na América
Latino e na África – testadores de medicamentos de laboratórios como um
medicamento usado no Brasil por muitos anos seguidos, para combater a
hipertensão. Descobriu-se depois que ele servia para matar pulgas de cachorro.
Via oral, hoje é vendido nas Pets.
Lydia, obrigada por me assistir,
gosto de passar minha experiência. Antes de terminar quero falar que se o
paciente ficar agitado, o que pode ocorrer, tem de tomar HALDOL mais AKINETON,
ou ser hospitalizado se correr risco de vida. Neste caso se for alguém do sexo
masculino, não haverá problemas. Se for mulher, agitada, precisara ser segurada
por 6 enfermeiros, homens. Que o diga o enfermeiro de um hospício onde eu
internei uma senhorinha agitada de 80 anos de 1 metro e meio de altura. Dopada
com haldol mais akineton. Eu avisei que ela acordava as 4 da manhã e se
estivesse agitada ele teria que arrumar 6 enfermeiros para segurá-la. Ele riu
da minha cara e perguntou de onde eu tinha tirado isto. Eu respondi: da
experiência. Pela manhã fui vê-la, o enfermeiro assustado, me olhou com os
olhos bem abertos e disse: como é que a senhora sabia?? Nem perguntei o que
era. Eu disse: da experiência (de novo). Ele falou: consegui só 5 enfermeiros.
Eu disse: apanharam todos, né??? Eu disseseis!!! Na próxima vez acreditem na
palavra experiência. E agora cuidem de seus arranhões ou o senhor não notou que
ainda esta sangrando. Passa a régua.
Publicado originalmente em: 22/06/2012
BIPOLAR E ESQUIZOFRENIA
Tenho observado em minha Clínica,
com pacientes, familiares como em supervisões de colegas, que o diagnóstico de
Esquizofrenia ou esquizoidia está sendo confundido com o diagnostico de
Bipolar. Como se este último fosse de mais fácil tratamento.
Com bastante frequência o termo
Bipolar está sendo confundido. Para esclarecer aos meus colegas e leigos, o
diagnostico de Bipolar é o nome atual do antigo diagnóstico de Psicose Maníaco
Depressiva. Esta doença é grave e extremamente difícil de tratamento. O
diagnostico de esquizofrenia ou esquizoidia até hoje é discriminado como se
fosse uma diagnóstico de doença incurável.
Para a OMS (Organização Mundial
de Saúde):
1. Esquizofrenia
2. Transtornos de Humor: -
hipomania. - mania sem sintomas psicóticos - mania com sintomas psicóticos.
-outros episódios maníacos. - episódio Maníaco não especificado.
3. Transtorno afetivo bipolar ou
Psicose Maníaco depressivo.
Publicado originalmente em: 05/06/2012
PSICOPATIA
Amiga – primeiro queria te dizer
que morro de inveja de quem estuda Química ou agora Genética. O DNA foi-me
mostrado em 1960 em uma aula de Bioquímica em que o professor sisudo entrou na
sala aos pulos dizendo “descobriram o DNA”. E nós todos, 108 babacas olhando para
ele e não entendendo nada.
Eu trabalhava num hospício do
século XXI, século XXI mesmo!!! chamado Clínica Pinel e fiquei pensando: Oba
vão “achar a cura da esquizofrenia”. Que nada, ninguém quer cura de nada, como
sabemos. Como somos irmãs de Prozac (pede o genérico que é mais barato).
Podemos nos entender bem. Temos o mesmo tipo de personalidade também, o que é
ótimo. Como sou chamada de empírica, pois observo tudo o que vejo acho que sei
bastante até agora. Tenho 71 anos e 53 anos de loucura dos outros e 18 anos da
minha. Vamos ao Psicopata.
O Psicopata NÃO sofre. Acho que
quando ele iria sofrer, o superego dele acende uma luz vermelha e ele faz outra
merda. Vamos pegar um homicida, que é um psicopata. Não é doente. Se não ficar
preso, matará outro, outro, outro. Tive meu 1º paciente um esquizofrênico mais
possível criminoso. O paciente era
paranoide, achava que a mulher o traia e foi colocado pela justiça “preso”, na
Clínica Pinel, aos meus cuidados. São raros os casos assim. Por exemplo, o cara
que matou na Europa 60 e tantas pessoas, foi declarado esquizofrênico por 13
psiquiatras. Eu particularmente acho que isto é a absolvição de “Hitler” –
coitadinho era um “doente” mental.
O psicopata faz os outros
sofrerem – é um criminoso. O meu possível criminoso já citado, quando chegava
na 6ª feira em que os pacientes podiam ir para casa, na consulta ele conversava
comigo legal. No minuto 50 (naquela época eu atendia 50 minutos) eu perguntava
“e sua mulher?”. Ele começava a berrar que todo quarteirão ouvia. Só parava
quando eu lhe dizia que então não podia passar o fim de semana em casa.
“Obrigada, Dra. Senão vou ter que matar aquela p..” ele sabia o que poderia
fazer. Não era um psicopata completo. Se fosse, ele não diria as palavras fiais
que me disse todas as 6ª feiras de meus dois anos de pós-graduação. Diria por
exemplo: “estou achando que ela me traiu”. “Bobagem minha”. “Estava louco”. Se
eu fosse boba entrava na dele, eu lhe dava saída e ele provavelmente a mataria.
Esse é o psicopata completo, nasce assim, vive assim, e morre com um tiro de
outro psicopata.
As pessoas em geral preferem
achar que as condições sociais é que levam as pessoas a cometerem crimes. Não
acredito nisto. Conheci pessoas de todas as escalas sociais e sei que há
bandidos nas classes A, B, C, D e F (que acabo de fundar).
O “meio” não faz o homem. A
genética e o uso que cada pessoa faz do que recebeu desta genética determinam
como será desde o nascimento até o futuro. Chamam-me de Lombrosiana. Tudo bem.
São maneiras de ver as coisas - o dono de um armazém que vende cachaça, açúcar
e outros “entorpecentes” não é julgado criminoso só porque vende coisas mortais
tanto quanto ou mais que cocaína ou crack, mas a sociedade ainda acha que as
“comidas, entorpecentes, remédios entorpecentes”, as ditas drogas legais não
são criminalizadas.
A venda de cocaína, por exemplo,
é criminalizada. É uma medida social. Todas elas podem ser modificadas. Não
faço apologia das drogas ilegais. Só que as drogas legais matam muito mais
gente que as ilegais, no mundo todo. Não tomo posição nisto porque só posso
votar por mim e não por seis bilhões de pessoas do globo.
Outra observação minha. Nunca vi
um psicopata me procurar para tratamento – estilo “Dra. estou aqui porque dei
um golpe no BNDES”. Só viria se tivesse achado que poderia ter roubado mais.
Mas nunca vi. Espero ter te ajudado ou começado um dialogo contigo.
Obrigada por me fazer pensar e
trabalhar. Ambas as coisas me dão muito prazer. É um prazer escrever para uma
pessoa jovem interessada em “coisas de
adultos”. Obrigada mesmo. Um beijo. Carmem.
OS: Se precisar do Prozac não deixa
de tomá-lo please.
Publicado originalmente em: 21/05/2012
CRACOLÂNDIA
CRACOLÂNDIA - O Pseudo-Tratamento
Dentro de minha paranoia, eu me
dei conta hoje sobre o pseudo-tratamento que querem fazer com a Cracolândia e
me dei conta, talvez, seja uma mísera cópia de um trabalho que eu enviei para
Associação Brasileira de Psiquiatria para um Encontro de Psiquiatras.
A sugestão do trabalho não foi
aceito, por razões operacionais do Congresso.
O trabalho era para
esquizofrênicos, das coisas que eu sugeria que era um lugar em cada bairro do
Rio de janeiro, no caso em S. Paulo, onde houvesse e uma casa para pacientes
agudos, com quatro ou cinco lugares.
Seria um trabalho extremamente
difícil de ser feito, mas poderia e deveria ser feito para os esquizofrênicos
que são 96% dos pacientes doentes mentais mereciam ser tratados, e que estão
deixados de lado.
Os cracks, cracôfilos, deveriam
estar numa colônia de trabalho com alguém extremamente preparado, com um grupo
extremamente preparado num lugar distante de qualquer cidade e se as pessoas
fugissem by by . Se as pessoas ficassem trabalhando como diria Mao Tse Tung,
elas poderia comer. Precisariam de psiquiatras extremamente preparados porque
para tratar este tipo de droga, precisa saber muito. Muita pratica com doentes
mentais e dependentes químicos. Este país está mostrando cada vez mais que cada
vez menos , a gente quer tratar as doenças mentais.
Não me copiem porque eu fico
muito chateada. Pelo menos digam “a imbecil da Carmem Dametto, sugeriu isto
para os esquizofrênicos, agora agente está copiando, não custava nada, eu até
iria aí, explicava e até estabelecíamos a Cracolândia, estabelecíamos o regime
de funcionamento que seria uma grande comunidade terapêutica como há outras e
que poderia vir , as pessoas os 4% ou os 2% ou 1% dos doentes mentais que usa
crack, vir a tratar as pessoas (os 4% ou 2% ou 1%) dos doentes mentais que usa
crack e ver que quem sabe, meio por cento se beneficiasse. Do jeito que estão
fazendo quem vai se beneficiar são algumas pessoas, alguém que usa cueca... que
não seja eu.
Publicado originalmente em: 04/03/2012
OBESIDADE E DEPRESSÃO
Escrevo
sobre obesidade quando na verdade deveria escrever sobre varias substancias
chamadas drogas.
Classifico
as drogas em licitas e ilícitas. De antemão digo que as ilícitas são mais
fáceis de tratar. Por quê? É óbvio. As licitas estão no supermercado. Das
licitas, vi na minha vida apenas quatro casos de vicio em água. Um morreu
afogado por dentro e sei de uma outra que brevemente vai morrer por absoluto
desinteresse da família. E cá entre nós, poucos médicos ou nenhum que encontrei
ate agora mostrando um trabalho em Congressos no qual fale como se pode morrer
por só tomar água. Também não apresentei.
Os
anoréticos não são levados em conta neste caso a que me refiro. Eu digo de
pessoas que tomam de 10 a 20 litros de agua (somente agua) por dia. São casos
raros mas como venho observando há 52 anos no trabalho psiquiátrico, pude ate
agora ver 4 casos, portanto não se torna estatisticamente importante.
Voltando
às drogas licitas – comida, fumo, álcool, medicamentos, as mais comuns, são de
difícil tratamento. Requerem uma grande autodeterminação do paciente
que tem uma personalidade dependente (antiga classificação norte americana -
“passivo dependente”), que foi deixada de lado e trocada por drogadição. Aquela
tinha mais sentido. Quem é “dependente” pode depender de qualquer coisa –
ervilha, uísque, chocolate, qualquer coisa vendável em supermercado ou farmácia.
No caso só vou falar da obesidade que existe no mundo ocidental e cristão em
que se desafia as pessoas a serem altas e magras sob pena de serem olhadas com
nojo.
Obesidade
sempre foi uma doença. Lembro que ao procurar um analista aqui no Rio de Janeiro,
(para me tratar), estive com vários e quando cheguei à Dra. Marialzira
Perestrello vi que era magra-gorda normal e lhe perguntei se fumava. Ela disse
“não”. Disse-lhe que queria ficar com ela. Não faria analise com alguém
dependente de comida ou fumo. Logo vamos deixar bem claro, o uso das drogas é
apenas um sintoma de uma grave depressão. Você já viu alguém deixar de fumar e
engordar loucamente?
A
ansiedade que leva o dependente a procurar sua salvação da angustia está sempre
numa coisa “fora de si mesmo”. Ele se sente uma “porcaria”. Ele não se basta,
precisa de uma bengala. Ela procura a satisfação, num prazer que pode leva-lo à
morte. Lembro-me de uma paciente obesa que tinha feito 20 anos de psicanálise e
que um dia me procurou. A depressão não tinha sido tratada convenientemente.
Quando ia comer um pedaço de bolo, o primeiro, não a satisfazia. O segundo
também não e quando via tinha comido uma torta inteira e não estava satisfeita.
Coisas do superego superexigente. Era uma pessoa extremamente alegre, bem
disposta, trabalhava bem. Ninguém diria que estava doente e muito menos
deprimida. Ate os meus colegas quem estivera. Pelo que ela me contou suas
analises anteriores ninguém nunca lhe perguntou se ela pensava em se matar. A
compulsão da comida, doces principalmente, deixa paciente e terapeuta muita
vezes burros quanto a entender o mecanismo “vida X morte” que está implicado na
dependência X depressão.
Quando
vejo o meu amado Schumacher voltar às pistas eu sei o que ele quer. Morrer como
Senna. Sei por experiência própria. Na mais profunda depressão eu tive um
carro, marca SP2, que andava como o diabo. E minha “droga” era a velocidade.
Fazia misérias e um dia voltando de Mangaratiba, estrada vazia e boa coloquei
160 km/h no carro. Passou uma fantasia “vou voar, que maravilha!!!!”, em
seguida “posso morrer”. As duas coisas, prazer e morte,
absolutamente juntas. Voar é o máximo. Ícaro fez isto. Mas pode me
matar. Depois julgando calmamente comigo mesma o fato eu comecei a
pensar que podia ter estourado um pneu, mil coisas podiam acontecer e eu morrer
quando meu intuito consciente era ter o prazer de “voar”. É muito bom.
Dificilmente eu dava caronas quando eu ia fazer estas proezas. Então
inconscientemente eu já sabia da possibilidade da morte. Como todas as drogas.
Mas tinha analise bastante na minha cabeça para ver tudo num “instante” e parar
(milionésimo de segundo, que podia ser fatal). Então para mim é fácil saber o
que “meu” Schumacher está procurando. Ele e o resto. Podem achar como outros já
acharam. Não creio em “acidentes” nesta hora. Uma pessoa que come uma torta de
30 pedaços sabe o que vem depois. Não precisa ser medica. Diabetes,
hipertensão.... o problema é que meus colegas “dietistas” que inventam sempre a
“dieta do ano” não sabem que deveriam ter ao lado de seu consultório um
terapeuta, um PSI. O paciente não precisa comer tanto porque o estomago ficou
grande. É o contrario, o estomago ficou grande porque comia muito. E diminuir
uma colher de arroz não é fácil. A pessoa precisa de alguém “fora” (de si) que
lhe de um motivo e que a satisfaça. Que seja o Terapeuta mesmo, “uma colher de
arroz”. Quando escuto de paciente que foi ao “dietista” e vêm com fórmula
mágica e dizem “tenho que emagrecer 34 quilos”, eu sugiro ao paciente que
esqueça os quilos, e que pense em perder uma grama. Se o paciente conseguir
entender e fazer terá como dizia Melanie Klein (Psicanalista), um “momento
depressivo”.
Isto é
muito difícil para explicar psicanaliticamente, mas vou tentar aportuguesar.
Digamos que o ego de uma pessoa, por angústia se divide em mil pedaços como a
laranja se divide em gomos.
Daria um
exemplo pratico - num milionésimo de segundo os vários gomos soltos de uma
laranja se juntariam e formariam de novo uma laranja total. Enfim, é apenas
isto o “momento depressivo”. Mas isto é Melanie Klein, não sou como um colega
meu, famoso no mundo inteiro, que nunca citou suas fontes teóricas de
conhecimento (Freud deve estar se mexendo na tumba). Enfim para os pragmáticos
como eu, o individuo que deixa de comer um grão não precisa ser uma colher de
arroz, deu um salto qualitativo dentro de seu esquema para o emagrecimento. Por
isto eu não diria quilogramas. Quando sugiro caminhadas para os gordos, para
começar com dez – vinte metros. É assim que faço comigo. Depois de alguém
conseguir isto, ser aplaudido por um Terapeuta que sabe o que isto custa, em
matéria de super exigência por parte do paciente, ele passa a ser aplaudido
apesar de achar tudo muito pouco diante dos seus quilos. Mas o paciente obeso
não pode ficar sozinho nesta caminhada. Precisa de alguém “fora”, o Terapeuta,
para lhe dizer que tem capacidade interna (VIDA), de brigar com seus demônios
(MORTE), e que está demonstrando poder superá-los. Isto é psicanalise, em
português, não em psicanalês. Se o Terapeuta puder do alto do seu
orgulho e sem neutralidade, contar uma vivencia sua, pode ajudar mais o
paciente a não se sentir um monstro suicida e que por isso tem de comer mais em
represália a si mesmo. O Terapeuta tem de ter paciência pelo paciente e com o
paciente. (“superego mortal”). Não deve dizer que mude a dieta que faça isto ou
aquilo.
Um dia
fui ver uma paciente com duas internações por “alcoolismos”, em sua casa.
Deparei-me com trinta latas de cerveja, enfileiradas. Sua fama de alcoolista
era grande. Ninguém via sua depressão. Eu nunca falei, sobre o
álcool, como se não me tocasse com o numero de latas de cerveja. Algum tempo
depois, ela me deixou sozinha no seu quarto. Fui ver se latas estavam vazias.
Não. Como eu, ela só toma o primeiro gole. Mas é chamada de alcoolista. Como,
da mesma forma, me chamou e escreveu na minha ficha um cardiologista. Ele tinha
e que tem um apelido horrível. Se eu não tivesse visto começaria a fazer o que
todo mundo faz “não beba tanto”. Enfim, acho que tive uma sorte danada ao poder
verificar que havia trinta latas de cerveja quase cheias. O que havia mesmo era
depressão, e minha descoberta só me faz mostrar os muitos pontos positivos da
paciente e com isto ela vai saindo de sua depressão crônica e começando a
gostar de si mesma.
Voltando
à obesidade tirei um dia (20 de janeiro) para assistir de manha à noite,
televisão. Fiquei pasma com o numero de programas de “como fazer comida”. “como
comprar panelas”. Enfim tudo relacionado à comida. Vi filmes com (americanos)
obesos mórbidos sendo operados dizendo que tinham emagrecido 120 kg numa
semana. Só não mostraram o depois, que a gente pode imaginar. Claro que
morreram. Não vi um Psicoterapeuta ao lado do obeso ou do médico operador.
Enfim coisas da vida. Se você entende sozinho, tudo bem e fica quieto de
preferencia. Se não entende fará parte do grande curral chamado Terra e não
sofrerá ao passar por uma caixa de “Bombom Garoto” (só pode ser “Garoto”, meu
preferido. Me esqueci do vicio da Bolsa de Valores. E é claro o vicio de
Televisão que é algo extremamente deprimente e onde o depressivo senta e
engorda vendo e sabendo do mal estar alheio. Isto o satisfaz um pouco. E muitas
religiões fazendo milagres fantásticos. E o Procon? Propaganda enganosa??
Hoje
acordei e ouvi na televisão a noticia de que enfim, no Rio Grande do Sul
começou a funcionar uma comunidade terapêutica rural ( ou entendi mal, na
empolgação da noticia?), para tratar de drogados. Insisto, acredito se não for
algo politico. Não posso acreditar no que vão fazer em S. Paulo com a
“cracolândia”. Isto é que é jogar dinheiro na cueca de alguns !! Na verdade as
pessoas politicas que bolam este tipo de “tratamento” estão pensando em si, na
futura eleição. Sabem tanto quanto eu que não vai funcionar. Tudo que diz respeito
a vicio ou dependência tem que ser muito estudado e não ser feito em meses.
Afinal não há para quem “bolou” este sistema de interesse por alguém for de si
mesmo.
Vamos
voltar à obesidade que nos trouxe aqui, você e eu, para discutirmos como não
entrar nela e como sair dela.
Temos
que discutir o que há de genético e o que há de social. As vezes a pessoa mesma
tem de se virar e se tratar pois não herdou genes para engordar e sim genes
para ser deprimida. Como o social entra nisto?
Em 1969
trabalhei na Biometria Médica do Estado da Guanabara. Um dia entrou na minha
sala para pedir uma licença medica um senhor magro. Limpo. Sentou à minha
frente e disse “Dra. Preciso me afastar de meu trabalho se não vou virar
alcoólatra. (naquela época a palavra era esta). Eu perguntei o que já estava na
ficha, sua profissão. Ele respondeu “gari”. “ Então o senhor começou a beber
quando?” “quando entrei no serviço (não me lembro o nome do lugar) mas agora é
Comlurb), o meu chefe, um engenheiro me perguntou se eu bebia. Eu respondi que
claro que não. Aí ele me disse – vai a partir de amanhã sim, você não aguenta o
cheiro”. Eu, 29 anos, vinda da melhor clinica de pós-graduação do Brasil na
época, custei a entender. Mas foi uma boa maneira de poder entender uma outra
coisa, ele magérrimo me disse que não precisava comer pois a cachaça tirava a
fome. Na época a OMS diz que no “Brasil, Cachaça era alimento”. Continua sendo.
Afinal este senhor tinha “uma saúde mental” impressionante, ele entendeu que
ele não queria morrer, ele queria trabalhar. Dei-lhe uma licença fora do
habitual (3 meses) e pedi readaptação de serviço. Naquela época existiam estas
coisas. Uns tempos depois passou lá para me ver, com peso normal (“agora já
posso comer”), me agradecendo seu novo trabalho. Enfim, isto é para mostrar que
sua vontade de viver era muito maior do que a de ficar doente com o uso da
cachaça. Não era do tipo dependente. O dependente de drogas, sejam licitas ou
ilícitas, pode ter crises psicóticas ou neuróticas. Tanto numa como na outra
pode facilmente tentar ou conseguir se suicidar.
Quando
alguém mata um outra pessoa, em surto, como anda acontecendo atualmente e que é
muito raro, significa que o paciente mesmo estando drogado mostra a sua parte
homicida que normalmente nós não temos, pois loucura é loucura, homicídio é uma
coisa que pode vir junto mas é caso judicial. Normalmente os psicóticos não
agem, mesmo que pensem eles dizem que “quero matar papai” (por exemplo), mas
não matam ninguém, tudo fica nas palavras e no sentimento.
No caso
dos dependentes de alimentos como na obesidade, o excesso de comida leva a
pessoa a inúmeras doenças como hipertensão,..etc. as quais não existiam em arvore genealógica.
Publicado originalmente em: 31/01/2012
Obesidade Infantil
Estou colocando no Blog um
trabalho sobre a qual estou escrevendo um pequeno livro que se chamará
“Obesidade e Depressão”.
OBESIDADE INFANTIL
Dormi com a TV ligada e acordei
por volta das 03h30min hs com um programa na TV Globo “Entre as aspas” e ouvi
coisas nas quais, como sempre, o óbvio é deixado de lado.
Havia um jornalista, uma médica
pediatra e o entrevistador. Escutei todo e como sempre os culpados pela
obesidade ou qualquer outra pereba que as crianças tenham, são os pais.
Irrito-me profundamente. Você já
entrou num supermercado ou foi numa feira? Já viu uma criança pedir cenoura,
cebola, aquelas coisas que as mães querem empurrar para as crianças e que até
fizeram uma propaganda belíssima com um guri pedindo insistentemente.
Espinafre.
Eu ria comigo imaginando a
senhora mãe do Delfim Neto, pobrezinha, na feira escolhendo os verdes para ele
comer e ele carregando a cestinha. Me comovi porque acho que a gordura dele, é
genética, pode fazer a dieta que quiser, só emagrece se tiver doenças.
Saio de minha fantasia da
madrugada, achei estranho, profundamente estranho tudo. O jornalista não
mencionou a quantidade (um terço parece) dos Brasileiros, os que vivem com
salário abaixo da linha da miséria. E alguns (apadrinhados) ganham uma tal de
cesta básica composta de farinha, óleo de soja, arroz, feijão, fubá, açúcar e
sal. Querido jornalista, tu sabes quanto custa um quilo de pera, de maça, de
pêssego, melão e todas as frutas? Sabes o preço das mesmas que não estão na
cesta básica que só favorece a gordura? Tu sabes o salário dos brasileiros ou
só o teu? Tu sabes qual é a culpa dos pais na alimentação destes filhos? FALTA
DE TRABALHO E SAIR DA LINHA DA MISÉRIA. Trabalha sério garoto, diz a verdade.
Não a meia verdade, que os pais têm culpa e que não ensinam as crianças a
comer. Vê a cara amarga do Delfim Neto. A mãe dele deve ser uma boa senhora,
deve tê-lo ensinado a não comer porcarias.
Acho até que ele não come um chocolate, há muito tempo, pois tem sempre
aquele rosto sorridente-amargo que vemos, e está OBESO.
Quanto à pediatra e as curvas da
OMS, fiquei encantada. Minha nobre colega pensou que estava falando para uma
plateia de médicos estúpidos. O cara da cesta básica não sabe o que é OMS
(Organização Mundial da Saúde) e nem curvas. Curvas soam a Marrilyn Monroe. O
“cesta básica” precisa saber que curva da OMS é um gráfico que mostra o
crescimento da obesidade, não por culpa de sorvetes premiados ou Mc Donald’s da
vida e nem dos pais. O “cesta básica” , a classe média, a classe alta e a rica,
onde estão todos com o mesmo problema, precisa saber do porque as crianças e os
adultos gostam tanto de carbohidratos (coisas engordativas). A colega já ouviu
falar de ANSIEDADE, que faz o gordo comer qualquer porcaria para se acalmar? A
matéria que assisti me ajudou a acrescentar algumas coisas no meu livro que
estou escrevendo sobre depressão infantil – ou a criança fica com anorexia ou
come como uma louca.
Pergunta à Globo – porque vocês
não colocam várias CORA RONAI para estes programas que não podem e nem merecem
esta superficialidade? Afinal quem vos assiste, deve ser respeitado, não é
imbecil. Alias os programas matinais da Globo são todos engordativos. Já
pensaram nisto? Ou a criança fica imbecilizada, imóvel com quadrinhos ou a
empregada de rico ou de classe média pegando novas receitas para novas comidas
engordativas. Não há programa que ensine de novo, como antigamente, as crianças
a brincar, ter amigos, se mexer, perder peso? Vocês já viram quanto tempo o
Bill Gates deixa seu filho no computador? Deviam dizer. Sobrariam muitas vidas.
Eu sei que teria menos pacientes, mas meu desejo é que as pessoas sejam felizes
e não precisem me procurar por ANSIEDADE ou por GORDURA ou qualquer outra coisa
parecida. Não gosto de ver sofrimento, motivo pelo qual sou médica. Mas me
interesso pelo que vai pelo mundo como pelas coisas mais importantes do meio
jornalístico que não aprofundam nada. CORA RONAI pra nós na TV e não no jornal
que é lido por uma elite que está pouco se lixando para o “cesta básica” e que
vai malhar em academias.
CORA RONAI NA TV PARA NÓS!
Ps – porque sempre que se fala em
crianças não se põe responsabilidade nenhuma na personalidade deles? Um bebê
que não quer mamar é por culpa da mãe? Por favor!!!! Ele nasce com suas
próprias predisposições genéticas. Mãe não é ser superior. O bebê pode não
querer comer. Pode ser um deprimido com risco de vida.
Republicado originalmente em: 24/01/2012
ÉDIPO - A ENCRUZILHADA
Penso que é interessante para o
leitor e para mim, mostrar minha forma de trabalhar como psicanalista fazendo
psicoterapia com o psicótico, sem usar o que se pretende que o paciente faça
uso na psicose – a transferência, que não nego existir na neurose, mas que no
meu entender ao ser utilizada como forma de tratamento, só prolonga o processo
de cura.
Colocarei no meu Blog uma parte
de um Capítulo (de meu livro “O FILICÍDIO”) por vez com numeração que serão
descritas depois. Desculpem mas não dá para escrever o capítulo inteiro.
ÉDIPO - A ENCRUZILHADA (1)
“Sempre que penso em Complexo de
Édipo, me vem à cabeça uma relação afetiva triangular – pai, mãe, filho (a) e
numa posição, no desenvolvimento emocional do bebê, que Melanie Klein denomina
depressiva. Posição depressiva e fase edípica são sinônimos e que consegue
resolvê-la adequadamente, cresce emocionalmente, mas, note-se bem, esta
capacidade já se traz ao nascer. Explico melhor – continuo achando que muitas
pessoas não chegaram sequer a beirar o que é chamado, em Psicanálise, “Complexo
de Édipo”. Nelas a maturação emocional foi bloqueada bem antes deste estágio,
em nível mais primitivo, na fase esquizoparanóide. Outras não foram capazes de
chegar à posição esquizoparanóride, permanecendo na posição auto erótica. Não
conseguiram da o salto “qualitativo” de que fala Freud, que é a resolução das
emoções a nível mental, através do uso do narcisismo auto erótico e da
consequente formação do ego. O ego então se forma a partir de uma nova força, o
Narcisismo, que, segundo Freud, se agrega ao autoerotismo e que faz com que o
bebê passe a resolver seus problemas a nível mental, não deixando de ser auto
erótico, até poder ser resolvido a nível de patologia ou saúde. O narcisismo
então é o salto qualitativo do instinto de vida que passa do corpo para a mente,
possivelmente estimulado pela força da libido auto erótica. As pessoas normais
fizeram este salto qualitativo naturalmente e se desenvolveram bem. Há crianças
que param seu desenvolvimento na primeira posição mental que é o que M. Klein
chama de posição esquizoparanóide. Outros bebês não conseguem dar o salto
qualitativo, em grande parte de sua libido e se tornam doentes psicossomáticos.
Não conseguem alucinar ou delirar, e atacam diretamente o próprio corpo. Assim
como o esquizofrênico ataca a mente desfazendo seu ego, um paciente, por
exemplo, com colite ulcerativa, ataca seu intestino. Ambos podem se suicidar ou
morrer, a partir desses ataques internos, devido ao narcisismo auto erótico não
resolvido.
O paciente toxicômano e o hipocondríaco tem o
mesmo mecanismo do paciente psicossomático. Sua libido permanece em grande
parte auto erótica. Por isso são de tão difícil tratamento, apesar de uma
grande parte de sua personalidade permanecer “normal”. Pode ser que esta seja
minha maneira de explicar a formação do ego. É que, trabalhando com pacientes
internados que são instinto auto erótico puro e simples, pude constatar a
fragmentação a que alguns chegaram. Pode-se até dizer que não lhes restou
nenhum resquício de ego. São pacientes, ditos esquizofrênicos, mas que na
verdade só o serão quando puderem melhorar. Ser esquizofrênico significa ter
ego, que é formado a partir do impulso interno auto erótico, ao dar de encontro
com a realidade. Ás vezes até o inconsciente do paciente foi em parte destruído
e tem de ser refeito. Na verdade o narcisismo é auto erótico, como o paciente é
todo impulso e autoerotismo. Deixo bem claro que considero, (teoricamente certo
ou errado), como auto erótica, qualquer manifestação afetiva que tenha o
paciente contra ou a favor de si mesmo e/ou dos outros, neste estágio primitivo
que falo.
A respeito do ego, sua formação e
desagregação, refiro-me principalmente às pessoas de personalidade psicótica
(2) e às que sofrem de doença psicótica de qualquer tipo. Na verdade,
observando-se bem o doente psicótico, chama-nos a atenção o fato de que o pai
não está presente, nem o relato da estória clínica. Numa anamnese bem feita, só
aparece o pai, como figura significativa, em estórias de pacientes neuróticos
e/ou de pacientes psicóticos extremamente doentes, em que o pai assumiu o papel
de mãe, na falta ou absoluta impossibilidade desta. Mas é bom lembrar que neste
caso o pai não é pai e sim “mãe”, ou talvez nem uma coisa nem outra, ao
contrário da história do neurótico em que o pai representa a função de pai,
sempre. O doente neurótico ou a pessoa de personalidade neurótica consegue
chegar ao Complexo de Édipo e resolve-lo tornando-se sadio, ou não supera-lo
apresentando, então, uma doença neurótica.
“Fantasias edípicas” (3), em
pacientes psicóticos, existem só aparentemente. É comum em esquizofrênicos, uma
situação em que dizem que querem ter relações sexuais com a mãe. Só que, neste
caso, não se trata da mulher de seu pai, mas apenas de uma mulher, despojada de
sua “função” de mãe do filho e esposa do pai. (4). No neurótico, o incesto
ocorre a nível da fantasia. Se acontecer com o psicótico, o fato ocorre na
realidade mesmo, numa ruptura psicótica, tanto no filho como na mãe.
O Mito de Édipo, transcrito
abaixo, pode ser interpretado de modo diferente, se olharmos à luz dos
conhecimentos sobre psicose.
Publicado originalmente em: 01/07/2007
A MAIORIDADE PSICOLÓGICA OU BANDIDO NASCE BANDIDO
A Sociedade pode ser permissiva como a nossa,
para querer entender psicologicamente o banditismo como efeito de falta disto
ou daquilo. Eu chamo isto de efeito Brasília.
- vou dar o exemplo de minha reles pessoa. Aos
4 anos de idade, por causa de um furúnculo no joelho “gostou Van?”, eu conheci
um medico que veio me tratar e eu tinha que tomar um remédio qualquer.
CHANTAGEEI MEUS PAIS exigindo de presente, em troca, algo que eu achava que
deveria existir – panelinhas de alumínio para eu brincar com minha prima no
porão de casa, onde, de vez em quando eu fazia fogueirinhas, E AINDA NÃO SABIA
que podia queimar a casa. Aprendi aí.
Nesta idade, comecei a ler e
escrever, (não sou nenhum gênio, por favor), para puxar o saco de meus
pais. Não era deliberado. Não sou
candidata a Maluf. Devagar. Ia à missa e comecei a pensar uma coisa estranha -
o que os padres diziam no sermão, não faziam na vida real (alguém viu "Amacord" do Fellini?).
Com as freiras que tive que
estudar depois, consolidou-se minha descrença num “Deus”, o que me chateia
muito porque eu gostaria de ter alguém para agradecer ou acusar pelas coisas
que me aconteceram e me acontecem. Portanto, aos 5 -6 anos, idade que agente
fantasia namorar o pai, eu fantasiei, MAS NÃO TRANSEI COM ELE. Sabia, legal,
aos 5 – 6 anos o que era sacanagem e o que não era. As crianças que tratei com
essa idade, também sabiam, tinham introjetado um superego que permitia algumas
coisas outras não. É o começo do uso da moral e da ética. E nisto sou radical -
O BANDITISMO É GENÉTICO. Quem nasce para bandido, o será independente da
relação mãe-bebê e da relação social. Conheço inúmeros pobres (já fui de uma
enorme família assim), que não produziu nenhum facínora.
Voltando a minha vil pessoinha que acho que os
deputados Gabeira e Clodovil, vão entender, pois são honestos, quero dizer que
fui tentada a ser prostituta por parte de gente muito importante desta cidade.
Não caí nesta. Fui convidada a trabalhar no teatro rebolado, (já fui gostosa
sim!) e não caí na esparrela. Fui convidada a ser corrupta no trabalho, na
Biometria Médica do Estado da Guanabara e no INPS, anos 80 e não aceitei. Será
que sou um ser superior?? E que poucos brasileiros sabem o que é o certo e o
errado? Vivi na mesma época destes caras de CPIs que QUEREM LIVRAR A PRÓPRIA
CARA, ao dizer que um marmanjo aos 16 anos não sabe o que é matar alguém. Ora
senhores, como diria Maria Bethânia, “eu não vou por aí”. Eles querem é,
psicanaliticamente escrevendo, abafar os próprios crimes contra a sociedade.
Moro ao lado da Rocinha e sei que há meninos
de 10 anos no meio da rua, carregando armas maiores que eles. Vocês acham que
eles não sabem o que é aquilo, companheiros de bancada, Senadores e Deputados ????
Meus queridos parlamentares, se é para fazer testes psicológicos no “garotinho”
de 16 anos para saber se ele tinha conhecimento de que matar e roubar é crime,
vocês vão criar uma nova classe de psicólogos - uns F.D.P. que para ter
emprego, (corrupção) vão dar laudos e tratamentos e dizendo que “de menor”, não
vai mais matar ou roubar. Desculpem meu radicalismo. Podem até me chamar de
RADICARMEM. Quem mata um, mata cem, com algumas exceções, claro. Eu ouvi isto
na TV Globo de um homem que tinha ficado não sei quantos anos preso por
homicídio. Quando um jornalista lhe perguntou o que faria em caso de briga ou
algo agressivo, ele simplesmente respondeu sem mexer um músculo no rosto “eu
mato”. Se é para criar um Brasil hipócrita e mentiroso mais do que já é, sugiro
Maluf para o próximo exercício presidencial. Ele mente com uma classe
invejável!!!! PARDON mas é o que eu acho e talvez muitas pessoas pensem a mesma
coisa e não tenham coragem de dizer, afinal, o povo brasileiro é um povo
“pacífico” e eu sou agressiva.
Publicado originalmente em: 26/04/2007
RELAÇÃO MÃE – BEBÊ X GENÉTICA (Psicanálise)
Desde Freud, nenhum autor em psicanálise
deixou de mencionar a genética como algo importante na doença mental. Aliás,
até hoje, a genética vem sendo ainda pouco utilizada nos diagnóstico em geral,
pelo menos no Brasil. É que a medicina é feita em massa e não há tempo de um
médico fazer uma anamnese adequada.
Acho que os médicos teriam
obrigação de exigir tempo para tratar, mas nunca fui compreendida quando fazia
discurso sobre isso já no século passado. Aliás, quase parei na prisão. Voltando
a genética, eu penso que o ser humano, vivendo mais tempo que no passado, acaba
por ter de morrer de alguma doença. Mas, ela sempre vem com características
genéticas. Creio que depois da descoberta do DNA nos anos 50 se não me engano,
nós não podemos negar a sua importância. Podemos só pensar que ele pode sofrer
mutações e surgirem novas modalidades genéticas em uma família. O problema com
a Psicanálise que é um tratamento anti-negação do REAL, isto ainda acontece.
Freud falou que deixou varias batatas quentes
para serem estudadas pelos colegas futuros. Ele achava que devíamos prosseguir
teu caminho, principalmente em relação à psicose. Melanie Klein introduziu
depois dele várias teorias muito interessantes que acho verdadeiras sobre o
desenvolvimento emocional de um bebê. Acho que houve um excesso de seus
seguidores ao colocarem em auto relevo num tratamento que ela chamou “relação
mãe-bebê” e esqueceu da genética.
Vejo relações mãe-bebê desde meus 18 anos
(tenho 65 anos) e acabo por perceber a fundamental importância da genética.
Porque dar tanta importância à mãe, a não ser como uma parceira numa relação de
ida e volta com seu bebê? Um bebê que nasce com personalidade psicótica,
herdada ou não dos pais, não vai ter culpa, vai ser segundo Bion (Livro Volviendo a Pensar), um bebê que vai ter
“lesão” em uma ou mais das capacidades de percepção do mundo externo. Um bebê
pode ouvir uma frase que não foi dita, pode contar que foi espancado, enfim,
ter percepções sensoriais errôneas colhidas do mundo externo e que pode
deixa-lo doente desde pequeno. As mães costumam dizer “era um bebê esquisito”
quando adoecer mesmo mais tarde. Bebês que nascem com personalidade psicótica
pode também, fazer um falso-self e funcionar perfeitamente para o mundo
externo. Terá um vazio afetivo interno, de mãe, principalmente. Esse tipo de
pessoa ao se submeter a tratamento psicanalítico tradicional ficará com um
falso-self e maltratará a família.
Eu, particularmente, não deveria, se não tivesse tanto empenho em cuidar
bem da Psicanálise, que tanto me ajudou e que com isto posso ajudar tantas
pessoas, falar sobre genética, porque é onde meus colegas param de pensar uma
nova maneira de pratica-la. Por isto, sou em geral, a quarta, ou décima sexta
analista dos meus pacientes. É raro aparecer um paciente com primeiro surto
psicótico e melhorar logo. Não brigo com a mãe, bisavó, Adão e Eva. Brigo com o
narcisismo patológico do paciente ou com o superego doentio do mesmo.
Publicado originalmente em: 08/04/2007
OBESIDADE INFANTIL _______ MÍDIA
Dormi com a TV ligada e acordei por
volta das 03:30 hs com um programa na TV Globo News “Entre as aspas”, e ouvi
coisas nas quais, como sempre, o óbvio é deixado de lado.
Havia um jornalista, uma médica
pediatra e o entrevistador. Escutei tudo e como sempre os culpados pela
obesidade ou qualquer outra pereba que as crianças tenham, são os pais.
Irrito-me profundamente. Você já
entrou num supermercado ou foi numa feira? Já viu uma criança pedir cenoura,
cebola, aquelas coisas verdes que as mães querem empurrar para as crianças e
que até fizeram uma propaganda belíssima com um guri pedindo insistentemente
espinafre?
Eu ria comigo imaginando a
senhora mãe do Delfim Neto, pobrezinha, na feira escolhendo os verdes para ele
comer e ele carregando a cestinha. Me comovi, porque acho que a gordura dele é
genética, pode fazer a dieta que quiser, só emagrece se tiver doenças.
Saio de minha fantasia da
madrugada, achei estranho, profundamente estranho tudo. O jornalista não
mencionou a quantidade (um terço parece) de brasileiros que vivem com salário abaixo
da linha da miséria. E alguns, (apadrinhados), ganham uma tal de cesta básica,
composta de farinha, macarrão, óleo de soja, arroz, feijão, fubá, açúcar e sal.
Querido jornalista, tu sabes quanto custa um quilo de pera, de maça, de
pêssego, melão e todas as frutas? Sabes o preço das mesmas que não estão na
cesta básica a qual favorece a gordura? Tu sabes o salário dos brasileiros ou
só o teu? Tu sabes qual é a culpa dos pais na alimentação destes filhos? FALTA
DE TRABALHO E SAIR DA LINHA DA MISÉRIA. Trabalha sério garoto, diz a verdade.
Não a meia verdade, que os pais têm culpa e que não ensinam as crianças a
comer. Vê a cara amarga do Delfim Neto. A mãe dele deve ser uma boa senhora,
deve tê-lo ensinado a não comer porcarias.
Acho até que ele não come um chocolate, há muito tempo pois tem sempre
aquele rosto sorridente-amargo que vemos, e está OBESO.
Quanto à pediatra e as curvas da
OMS, fiquei encantada. Minha nobre colega, pensou que estava falando para uma
plateia de médicos estúpidos. O cara da cesta básica não sabe o que é OMS,
(Organização Mundial da Saúde), e nem curvas. Curvas soam a Marilyn Monroe. O
“cesta básica” precisa saber que curva da OMS é um gráfico que mostra o
crescimento da obesidade, não por culpa de sorvetes premiados ou Mac Donald’s
da vida e nem dos pais. O “cesta básica” , a classe média, a classe alta e a
rica, onde estão todos com o mesmo problema, precisa saber do porque as
crianças e os adultos gostarem tanto de carbohidratos (coisas engordativas). A
colega já ouviu falar de ANSIEDADE, que faz o gordo comer qualquer porcaria
para se acalmar? A matéria que assisti me ajudou a acrescentar algumas coisas
num livro que estou escrevendo sobre depressão infantil – ou a criança fica com
anorexia ou come como uma louca.
Pergunta à Globo – porque vocês
não colocam várias CORA RONAI para estes programas que não podem e nem merecem
esta superficialidade? Afinal quem vos assiste, em geral, não é imbecil. Aliás
os programas matinais da Globo são todos engordativos. Já pensaram nisto? Ou a criança
fica imbecilizada, imóvel com quadrinhos ou a empregada de rico, e de classe
média fica pegando novas receitas para comidas engordativas. Não há programa
que fale de novo, como antigamente, que as crianças precisam brincar, ter
amigos, se mexer, perder peso? Vocês já viram quanto tempo o Bill Gates deixa
seu filho no computador? Deviam dizer. Sobrariam muitas vidas. Eu sei que teria
menos pacientes, mas meu desejo é que as pessoas sejam felizes e não precisem
me procurar por ANSIEDADE ou por GORDURA ou qualquer outra coisa parecida. Não
gosto de ver sofrimento, motivo pelo qual sou médica. Mas me interesso pelo que
vai pelo mundo como pelas coisas mais importantes do meio jornalístico que não
aprofundam nada. CORA RONAI pra nós na TV e não no jornal, que é lido por uma
elite que está pouco se lixando para o “cesta básica” e que vai malhar em
academias.
CORA RONAI NA TV PARA NÓS!!!!!!
Ps – porque sempre que se fala em
crianças não se põe responsabilidade nenhuma na personalidade delas, afinal são
pessoas e escolhem . Um bebê que não quer mamar é por culpa da mãe? Por
favor!!!! Ele nasce com suas próprias predisposições genéticas. Mãe não é ser
superior capaz de mutilar as emoções mais profundamente do seu filho.
Publicado originalmente em: 18/03/2007
CARMEM DAMETTO - DOENÇAS MENTAIS E SEU TRATAMENTO
A ideia do Blog vem do fato de eu pensar que tenho uma longa experiência que me foi proporcionada por mestres, colegas e pacientes, a qual tenho o dever de passar adiante para que os que quiserem me ler.
Minha experiência com doenças mentais começou no primeiro ano da Faculdade de Medicina da UFRGS em 1960, na primeira comunidade terapêutica fundada no Brasil. Nela se aprendia sob a direção de Marcelo Blaya Perez, como tratar doentes de forma humana e carinhosa, com psicoterapia, terapia ocupacional e medicamento. Meus 6 anos de Faculdade foram passados lá, onde continuei com residência e pós-graduação em Psiquiatria por 2 anos. Vim ao Rio de Janeiro, me tratei e fiz o Curso de Psicanálise na SBPRJ, 5 anos. Logo, dos meus 65 anos, passei convivendo com e estudando as doenças mentais há mais ou menos 40 anos.
Proponho-me neste Blog colocar artigos que acho serem inteligíveis por qualquer pessoa.
Publicado originalmente em: 02/03/2007
1º PARTE: BRASIL, PAÍS SEM SUPEREGO
Assisti um debate na TV Globo no
qual se enfatizou que o problema da violência está ligado à falta de estudo.
Fiquei contente porque até pouco
tempo a violência era ligada à doença mental, motivo pelo qual escrevi num dos
meus livros um capítulo. Voltando ao assunto escolaridade, queria dar meu
depoimento pessoal. Fui criada numa zona italiana no Rio Grande do Sul (Carlos
Barbosa), onde a grande maioria das pessoas eram analfabetas como a senhora mãe
do Lula. Não conheci bandido. E havia muitos loucos. Meus colegas de grupo
escolar só fizeram o curso primário e nenhum se tornou criminoso. Eu fui em
frente e acabei por estudar Medicina na mesma época e mesma Universidade em que
Marco Aurélio Garcia fazia Direito e eu era sua secretária na FEURGS. Depois
por um acaso da vida acabei sendo titular da cadeira de Psiquiatria da
Faculdade de Medicina de Vassouras, onde o grande problema que encontrei era o
semianalfabetismo de muitos estudantes. Os alunos aprendiam a Psiquiatria, mas
escreviam tudo errado.
Minha filha teve ensino primário
e secundário em meio à classe média, um dos colegas dela, rico, tornou-se
traficante de drogas e foi morto antes dos 20 anos. No próprio debate de hoje,
o apresentador cometeu vários erros de Português , o que não é incomum na TV
Globo. Por sinal me incomoda muito e pediria a Regina Casé que refizesse o
comercial do canal 58, onde em vez de dizer "as trinta milhões de pessoas..."
dissesse “os trinta milhões de pessoas”. A propósito ponho-me à disposição da
Rede Globo para o ensino de Português, FREE.
2º PARTE: TRATA-SE DO PROBLEMA DO SUPEREGO
Nos anos da ditadura,
cometeram-se muitos crimes contra as pessoas e contra instituições.
Instituiu-se a CENSURA, um superego extremamente exigente com as pessoas e mau,
e da mesma forma leniente com os desmandos do Planalto. Criou-se A IMPUNIDADE.
E desde aí, esta vem grassando tenazmente. Nosso problema social, O CRIME, vem
do Planalto e dele continuará vindo se não pintarmos a cara como fizemos com o
aprendiz Fernando Collor de Mello. Ele foi punido pelo Jardim de Dinda. O
superego funcionou bem, com ele. Depois disso o superego se soltou. As pessoas
não nascem naturalmente boas ou más, logo, atrás do social existe uma genética
pessoal. Eu por exemplo, não mataria, como muitos miseráveis, não por virtude,
mas por ter uma genética não criminosa e um superego normal. Um país que como o
nosso, beneficia e premia os criminosos comuns e do Planalto com impunidade,
não pode dizer que o problema básico da criminalidade e da violência é falta de
estudo. Todos os ladrões do Planalto que conhecemos através de CPIS, sabem
muito bem do que falo. Eles, com sua impunidade, são exemplo para os que como
eles estão marcados geneticamente para crime.
São doutores e aboliram o
SUPEREGO
Publicado originalmente em: 02/03/2007
Um comentário:
Boa tarde Dra. Carmem,
Preciso de consulta, e gostaria de saber como posso entrar em contato com a Senhora
Obrigado
Alvaro
73.999362485
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