domingo, 24 de junho de 2012

VENEZA - 1971


Outros carnavais. Outras vidas. Dava para ir à Europa todos os anos. Ir a Paris, comer pizza na subida de Champs Elisée, perto da Torre Eiffel e comer a melhor pizza do mundo (no meu entender), e subir mais um pouco, sentar ao sol e tomar o bom vinho nacional Chateau-Neuf-du Pape. O problema eram os franceses com seu mau humor. Os italianos com sua pose de país rico e nos chamando de sottosvellupatto. (subdesenvolvidos). Arrogância geral naquele continente velho e sugador. Nós, do “tiers monde”, como nos chamam os franceses, pagávamos bem. É bom ver as coisas acontecendo. Não é revanchismo, não. Simplesmente uma questão de honra continental.
Primeiro, eles nem sabiam e talvez nem saibam ainda onde é o Brasil, capital Buenos Aires.
Segundo, com seu espírito colonizador, maltratam os subdesenvolvidos achando que a gente não sabe a língua deles. Poveretti, pauvres, poors. A gente sabe, sim, apesar deles. Depois do que vou contar o que me aconteceu em Veneza em 1971, vão entender porque não voltei à terra dos meus ancestrais. Me dá nojo. Tenho muitos primos lá. Alguns até milionários e com brasão, que acham que a gente vai procurá-los para “pedir dinheiro emprestado”. “Ora, ora!” Veneza – 1971 - ao passear, vejo uma loja inteira de queijos. De todos os tipos. Sou louca por queijo. No dialeto vêneto que eu falo, que é formaggio. O nome da loja – FORMAGGIO. Depois do almoço, eles descansavam na hora do almoço, isto é, de 12hs às 16 hs. Não sei se ainda fazem isto, pois acho que nem almoço eles tem. Eles são superiores. Tem a Fiat. A Ferrari. E daí? Só acho bonito o Schumacher dentro de uma Ferrari, a Ferrari eu dispenso, (que mentira!).
Como ia dizendo, vejo a loja e entro. Mil queijos na loja. - Bom giorno. - Bom giorno signorina. - Io volio formaggio. -...seuzzi signorina, não capisco. Riu (acho que pensa que é o Rossano Brassi conquistando Catherine? Uma artista solteirona americana). Não acho a mínima graça. Já vi este filme. Ele pensa que sou gringa do Norte e isto é o pior nome de que podem me chamar. Ele espera que eu diga “cheese”. Enquanto ele espera eu penso em que maldade posso fazer de volta por ser tachada de burra e norte-americana. Isto para mim é além de minha capacidade de suportar. E se como amiga eu sou apenas quase razoável, como inimiga, SOU PERFEITA.
Guerra é guerra. E isto que este fascista quer, vamos lá. - Signore, aponto o queijo que é a única coisa que ele tem naquela loja para vender, além da alma que provavelmente ele não tem e se tivesse venderia por 500 liras. Miseráveis italianos. Porque o simum ou o siroco não os leva todos, junto com os franceses para o Ártico? Para que servem estes ventos que vem do Saara? No Ártico eles todos se dariam bem com aqueles lindos bichinhos brancos (2m altura), chamados ursos. Carnívoros, claro! E deixavam as obras de arte para a gente ver, estes gigolôs do medievo em italiano a expressão é mais forte (prosseneta del cincoecento), que se pronuncia prossenta de chincoechento) Eles não esperam que haja inteligência fora da Europa. Voltando ao queijo. Isto tudo foi pensado em um milionésimo de segundo. O fascista não me conhece. Digo-lhe então em francês. - Fromage, signore, apontando. Claro, uma forma de queijo. - No capisco il franchese, signora. Filho da puta, se gozar apanha, pois agora vou dizer o que ele quer ouvir. - Cheese, signore... - Ah! Formaggio!!!!!!!!!!! Tá legal. Se gozar te furo o saco. O 1º round ele ganhou por “nocaute”, pensa ele. Eu, não, estou botando bala no canhão. Põe um queijo inteiro do que eu pedi no balcão. Aí de sacanagem pensava e sem remorso, pedindo desculpas internas a um tio meu que era queijeiro, fiz um quadrado, que seria a parte que eu iria levar. Restou uma peça, engraçadíssima, imaginem tirar um quadrado de uma esfera. Eu ria por dentro me lembrando do ginasial. Eu me perguntava, será isto um obtusângulo? É que nunca aprendia estes ângulos, mas no caso tinha a ver o obtuso, o italiano “esperto”, que falava inglês e o ângulo que se formou que eu não conhecia. Vivendo e aprendendo. - botou o pedaço na balança. (provavelmente achando que iria me cravar em dólares, meu deus, como gostam de dólar!) e me disse “quatrocento grammi” signorina (quatrocentos gramas). - Gracie tanto signore, ma ho cambiato d’idea. (obrigado mas mudei de ideia) e saí porta a fora. O homem pulou o balcão e me seguiu uma quadra aos berros, eu em cima de um sapato amarelo, comprado em Veneza mesmo, de 18 cm, andava calmamente e mostrava como boa americana o dedo médio. Ele só não me xingou de bonita. Eu virava e ria naquelas estreitas ruelas de Veneza. O sapato existe até hoje. A lembrança também. Como é bom viajar. E rir para o resto da vida. Na verdade eu agora prefiro não saber a língua. É cansativo brigar. AGUARDEM NOVOS CONTOS DE VIAGENS.

sábado, 23 de junho de 2012

DENTADURA


Não é que eu tenha tempo livre demais, mas tenho visto um programa sobre dentes, dentaduras e adjacências, na TV Globo News. Afinal, é um documentário??? É propaganda de algum amigo da Globo?? É muito chato! Globo New!! Além de tudo é macabro quando se vira a cabeça e dá de cara com uma dentadura sem um portador atrás. Minha preocupação é que todos os brasileiros, aproveitando o precinho barato, resolvam botar estes dentes. Finalmente, teremos todos o mesmo sorriso, a mesma lente de contato, os cabelos iguais e não saberemos mais quem é quem. Isto é, falo das pessoas hipnotizáveis, os seres inferiores.
Nós os Alfas, botaremos os Betas (com os dentes iguais, narizes iguais, cabelos iguais, peso iguais, etc ) a trabalhar para nós. Nós Alfas feios, mandaremos nos perfeitos “Beta”, (veja o “ Admirável Mundo Novo”), que pisarão nos Gama, os não pensantes, ou melhor, débeis mentais, numa cópia da cara do Bush. Ele é perfeito, tem a testa pequena próxima daquela do homo sapiens, vai ver ele é o elo perdido!!  Por favor, palmas para mim!!!! Descobri, o Darwin deve estar se mexendo. Por favor, Globo, mais Maria Beltrão, Miriam Leitão, Chico Buarque e outras pessoas bonitas e inteligentes. Me poupem!!! Por favor.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

ALZHEIMER


Querida Lydia, já que gostaste da aula de psiquiatria aÍ vai uma dica sobre como e fácil tratar pacientes com síndrome de Alzheimer:
1. Concordar com tudo o que o paciente diz e faz, menos com suicídio.
2. Preparar um cuidador que em geral é uma empregada doméstica e que logo vai aprender.
3. Não deixar os filhos chorarem se papai ou mamãe não os reconhecerem. Logo a pessoa que vai cuidar e a família do doente tem que deixar de lado seu narcisismo, botar no vaso e puxar a descarga.
4. Se a pessoa precisar de medicamentos para dormir, dar uma boa Receita Médica. O mesmo se estiver ansiosa durante o dia. O básico então é só isso. Tenho tratado muitos pacientes assim, sem o mínimo problema. Um problema que eu tive foi com uma filha de 60 anos que era minha paciente. E dizia chorando: “papai não me reconhece mais, quer voltar para Madureira, onde tem uma mulher e uma filha”. É claro que quem levou porrada de mim foi ela. Estava preocupada consigo mesmo!! Até que muitas porradas depois ela entendeu que a doença não era contra ELA . Um dia o pai com Alzheimer lhe deu uma joia, ele fora vendedor de joias. Ai ela entendeu que no inconsciente ele sabia quem era ela. Coitado do velho. Só há um problema por aqui Lydia, temos colegas bacanas que estão receitando um remédio caro e fantásticos que enlouquecem os pobres dos pacientes. Só não vou dizer o nome do mesmo que não sou burra e brigar com laboratórios. Só vou dizer como começa a bula e como termina. Aliás, me lembrei que há quarenta anos um colega me chamou de ledora de bulas, sou mesmo, ele por não lê-las ia deixar morrer uma paciente que cuidava e que eu passei a cuidar.
Pois bem Lydia, ai vai a Bula:
Primeira linha da bula: (este medicamento é para doentes com mal de Alzheimer). Última linha (este medicamento não pode ser usado por crianças de menos de 2 anos ou idosos com mais de 60 anos). Não é absolutamente fantástico??? Vai acontecer que daqui há alguns anos depois de haver muitos e sérios problemas como aconteceu na América Latino e na África – testadores de medicamentos de laboratórios como um medicamento usado no Brasil por muitos anos seguidos, para combater a hipertensão. Descobriu-se depois que ele servia para matar pulgas de cachorro. Via oral, hoje é vendido nas Pets.
Lydia, obrigada por me assistir, gosto de passar minha experiência. Antes de terminar quero falar que se o paciente ficar agitado, o que pode ocorrer, tem de tomar HALDOL mais AKINETON, ou ser hospitalizado se correr risco de vida. Neste caso se for alguém do sexo masculino, não haverá problemas. Se for mulher, agitada, precisara ser segurada por 6 enfermeiros, homens. Que o diga o enfermeiro de um hospício onde eu internei uma senhorinha agitada de 80 anos de 1 metro e meio de altura. Dopada com haldol mais akineton. Eu avisei que ela acordava as 4 da manhã e se estivesse agitada ele teria que arrumar 6 enfermeiros para segurá-la. Ele riu da minha cara e perguntou de onde eu tinha tirado isto. Eu respondi: da experiência. Pela manhã fui vê-la, o enfermeiro assustado, me olhou com os olhos bem abertos e disse: como é que a senhora sabia?? Nem perguntei o que era. Eu disse: da experiência (de novo). Ele falou: consegui só 5 enfermeiros. Eu disse: apanharam todos, né??? Eu disseseis!!! Na próxima vez acreditem na palavra experiência. E agora cuidem de seus arranhões ou o senhor não notou que ainda esta sangrando. Passa a régua.

BIODIVERSIDADE


AOS MEUS LEITORES Lamento eu estive empenhadíssima na Biodiversidade onde ganhei uma grana roxa que eu estava precisando para ir para os Himalaia antes que eles derretam e virem piscina. Contarei depois como foi bom participar da micareta de noite, 4.feira na Av. Rio Branco vestida de índia, peito de fora, arco e flecha depois de ter passado o dia inteiro ajudando umas meninas gostosas , tentando levantar a barraca de um homem muito bonito e que elas não deram conta sozinha, precisavam da minha experiência em "levantação" de barraca.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O IPM ou PRIMEIRO DE ABRIL


Em abril de 1964, cursava eu o quinto ano da faculdade medicina da UFRGS-POA, trabalhava na clínica Pinel à noite como auxiliar psiquiátrica, que hoje sei ser o trabalho mais difícil dentro da psiquiatria e psicanálise. Mesmo assim, tinha tempo de ser filiada ao PCB. Até fui secretária na FEURGS, Federação dos estudantes da URGS, do Marco Aurélio Garcia, que veio a trabalhar com Lula e agora sumiu. Ele era da AP (ação popular).
Bem, fazia eu parte da "célula" do partido da UFRGS, éramos um grupo de amigos de várias faculdades. De vez em quando, havia cursos, até com o Leandro Konder. Gente fina. Havia treinamentos, eu exercia no quadro a função de Agit-Prop, isto é o seguinte: os americanos estão usando muito essa função no oriente. Largam um cara orientado pela CIA para fazer "movimento" onde haja alguma rusga. Eu faço isso até hoje no Banco onde tiro dinheiro, com meus colegas velhos. Muito divertido.
Bem, como se faz: Por exemplo, um cara ou dois se revoltam com o preço das Barcas, daí estou eu fina e bela no meio, armo o maior barraco, junto um monte de gente e saio fina e bela falando baixinho, bancando a chique que não gosta de turbulência. Depois, saio de taxi, dando gargalhadas. É bom para o fígado. Os americanos da CIA estão fazendo isso em todo oriente para mudar os títeres de suas colônias petrolíferas.
Voltando a abril de 1964. Recebo um carta do exército me convocando para um IPM (inquérito policial militar), tal dia e tal hora, com 3 Generais e 3 professores, em alguma sala da Faculdade de Medicina. Havia a possibilidade de expulsão. Havia dedos duro na Faculdade e no grupo de análise. Foi muito chato. Cheguei linda, bela, alta e loira na hora marcada. Estavam os "heróis" sentados quando entrei na sala. A sétima cadeira na ponta da mesa estava me esperando.
EU- Bom dia Senhores. Recebi uma carta.
GENERAL 1-Pode sentar aí na minha frente (na outra ponta da mesa). Os Professores me olharam com pena, gostavam de mim. Sentei e disse: Bem General, estou à sua disposição.
 GENERAL 2- Há uma série de acusações contra a Senhora...
EU- Sim, General...
GENERAL 1- A Senhora participou de uma reunião com o Amaral. (O Amaral era meu amigo e era do grupo)
EU- General, eu fui ao meu Dentista que trabalha em uma sala ao lado da casa do Amaral. O Senhor tem razão, devo ter sido vista por lá.
GENERAL 3- A Senhora tem sido vista em companhia do K (amigo meu conhecido como comunista e que agora virou a casaca).
EU- Com certeza General, eu saio com todos os meus colegas, o Senhor não deve saber, mas aqui na faculdade são mais de 550 homens e 50 mulheres. Os meninos me adoram. Vou até para o meio da Rua da Praia com eles, eu saio até com o fulano (quem me dedurou).
GENERAL 3- Mas a Senhora foi vista, numa sala onde o Leandro Konder dava um curso, à noite.
EU- Quem é este Senhor? Curso de que? Não conheço. (Cá entre nós, os Generais sabiam da vida de todo mundo desde que entramos na faculdade, o SNI nasceu bem antes do que a gente imagina).
GENERAL3-Leandro Konder é um comunista.
EU- Ah, bem. Mas o que faria eu num curso de Comunismo, me parece que isto é Filosofia. Eu trabalho com loucos, General, a noite toda, todas as noites. Eu pago meus livros.
GENERAL 1- Aliás, a Senhora foi vista na Livraria Vitória, na Praça da Alfândega, que é onde os comunistas compra livros. Sabiam de tudo!! Os professore sérios. A Livraria deve existir até hoje, especializada em Marxismo e Leninismo.
EU- Fui sim, tinha lá um livro muito bom de Medicina Chinesa, comprei. Se quiser lhe conto, o que fazem lá na China com os loucos. Plantou arroz vai comer, não plantou, não come. Louco ou não, dane-se. (ele riu). Achei-os duros, mas acho que eles tem uma certa razão. No Hospício onde trabalho, tem terapia ocupacional, sem trabalho, ninguém se cura de loucura. Começaram a bufar. Realmente como se aprende coisas em Hospício bom.
GENERAL 1- (de saco cheio) E a Senhora foi vista no bonde com um jornal do Partido Comunista de baixo do braço.
EU-É possível, eu leio tudo. Noite passada, eu li todo Jubiabá, do Jorge Amado...
GENERAL 2- COMO??? Outro comunista?
EU- O Jorge Amado é comunista? Não sabia, gosto muito dele e do Graciliano Ramos também.
GENERAL 1- OUTRO COMUNISTA??
EU- Meu Senhor, o que posso lhe dizer? Leio Mário Quintana, Gogol, tudo o que cair na minha mão. Passo a noite acordada e só o Correio do Povo não dá, é muito ruim. Até leio os romances franceses, russos, para não dormir. Agora o Senhor me diz que os brasileiros que leio são comunistas? A Cachorra Baleia também? Me desculpe general, mas estamos aqui há horas e o Senhor ainda não me disse do que estou sendo acusada (eu ria por dentro, pois sabia onde pegá-los). Aquela clínica Pinel era ótima mesmo, pois lá me ensinaram psiquiatria, psicanálise e como lidar com os verdadeiros perseguidores de fora. Silêncio.
GENERAL 3- A Senhora é acusada de tentar derrubar o Governo João Goulart.
EU- Agora eu estou aliviada, General. Eu estava almoçando na reitoria com meu amigo Sul Brasil (era chamado assim), no dia primeiro de abril, quando um colega chegou... Daí, o general se levantou da cadeira e aos berros, batendo na mesa dizia: Não é primeiro de abril é 31 de março!!!
EU (calmamente)- General, o que aconteceu afinal?
GENERAL 3- Foi 31 de março, derrubamos o Governo João Goulart. Estava furioso, sentou. E eu pensando, " Viva o DR Freud".
EU- Geneeeeraalllll, o Senhor está me atribuindo a culpa de um ato que o Senhor e seus amigos cometeram? Não estou entendendo nada. Aliás, não entendo nada de política, mas o Senhor me assustou e me acusou de algo que o Senhor e seus amigos fizeram. Não é justo. (ria por dentro, pois sabia que o calo era o dia primeiro de abril).
GENERAL 1- A Senhora pode ir embora!!
EU- Então, estou livre?
GENERAL 1- Sim, está. (Levantei e saí da sala). PS: Sul Brasil- Nós estávamos mesmo almoçando na Reitoria no dia primeiro de abril de 1964, quando alguém do PCB chegou aos berros dizendo que: Nós tínhamos dado um golpe. Depois, ficamos muito frustrados com a real notícia de que os militares é que tinham dado o Golpe, sob o nome de Revolução Redentora. A gente tinha trabalhado, batalhado e estudado muito com Leandro Konder. A partir daí, é outra história, já que aqui no Rio para onde fugi, ELES me encontraram. Bem, são outras várias histórias, que aos

quarta-feira, 6 de junho de 2012

AINDA OS SACOS (Plásticos)


-Manhã: Marcela, preciso que compres sacos plásticos para a casa.
 - Como?
- Tentei Marcela.
1. Joguei o lixo da cozinha num buraco que fiz no quintal. Os cachorros, foram lá procurando um osso, só pode ser e espalharam tudo. Vou ter que tapar tudo de novo.
 Ecologistas, o que faço com os cachorros? Mato-os? Solto-os?
2. O papel higiênico – fiz uma fogueira lá fora e ao ver fumaça os vizinhos ameaçaram chamar os bombeiros. Dou-lhes razão. Nesse tempo não se pode fazer fogueira.
3. Ecologistas - que faço com o papel higiênico? Posso recicla-lo, usando vários metros cúbicos de agua, lavando ou faço um outro buraco no quintal para que ele vire uma merda geral? Ainda tenho os cachorros.
4. Compro sacos chineses lindos de morrer que um dia vou emoldurar, no Zona Sul (supermercado). Cabem nele, duas batatas, 1 cebola, 1 pedaço de queijo, 8 rolos de papel higiênico. Não é por nada, mas eu precisava de mais 25 itens. E agora? Ecologistas me digam, por favor, qual foi o “contrato” que vocês fizeram com os donos de supermercados e os fabricantes de sacos plásticos? Quero entrar nesta boca.

terça-feira, 5 de junho de 2012

BIPOLAR E ESQUIZOFRENIA


Tenho observado em minha Clínica, com pacientes, familiares como em supervisões de colegas, que o diagnóstico de Esquizofrenia ou esquizoidia está sendo confundido com o diagnostico de Bipolar. Como se este último fosse de mais fácil tratamento.
Com bastante frequência o termo Bipolar está sendo confundido. Para esclarecer aos meus colegas e leigos, o diagnostico de Bipolar é o nome atual do antigo diagnóstico de Psicose Maníaco Depressiva. Esta doença é grave e extremamente difícil de tratamento. O diagnostico de esquizofrenia ou esquizoidia até hoje é discriminado como se fosse uma diagnóstico de doença incurável.
Para a OMS (Organização Mundial de Saúde):
1. Esquizofrenia
2. Transtornos de Humor: - hipomania. - mania sem sintomas psicóticos - mania com sintomas psicóticos. -outros episódios maníacos. - episódio Maníaco não especificado.
3. Transtorno afetivo bipolar ou Psicose Maníaco depressivo.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O SUS (Sistema Único de Saúde)


Estou no sábado pegando dinheiro no banco do brasil. Olho ao meu lado e está um senhor sentado, pálido.  Paro tudo e pergunto-lhe se está se sentindo mal. Diz que sim. Que gostaria de vomitar. Graças a não sei quem, o BB colocou finalmente uma lixeira, queixa minha antiga, na minha agencia. Enfim, pego a lixeira e ele só não vomita a alma. Comento com ele a quantidade de comida. Ele me diz que foi o Café da manhã. Uns dois quilos. Para mim é o café da manhã de um mês. O “velhinho”, como eu, é magro. Pergunto se está melhor e se está sentindo uma dor no peito. Ele me diz que não consegue respirar bem. Não sente dor. Pede para deitar no chão. O menino que está no BB me segue. Apareceu aquele suor frio, batimento cardíaco não se pegava mais. Peço para o menino me ajudar a ressuscitá-lo, pois velha, tenho pouca força na mão. Ressuscita.
“O senhor tem telefone de sua família ou amigos?” Diz: “Não. E não adianta me levar para casa, pois não tem ninguém lá”. “E sua mulher?” “Está na missa” Precavida, penso eu. Passados dez minutos e o Samu chamado pelo garoto do Banco do Brasil. Pergunto se ele tem plano de saúde. Junta um monte de transeuntes, mulheres, pois o banco tem vidro para o lado da rua. E quem passa olha a cena e entra. Aí dei uma geral. O SAMU quer o Plano de Saúde. Vasculhamos seus bolsos. Ele tem dinheiro, o Ourocard e uma carteira de Marinha. Danou-se. SAMU diz então – “Tem que ser levado para o Marcilio Dias”. Você está no Jardim de Alá, Zona Sul, com uma pessoa morrendo e o Samu quer que se vá ao Marcilio Dias. Você sabe onde é o Marcílio Dias? - “Não.” - “Nem eu”. É um Hospital de Marinha, no outro lado do mundo. Enquanto isto eu e o menino ressuscitamos (por quatro vezes), o senhor. Ele falava comigo. Já tinha umas dez mulheres ao meu redor. Dei um berro, “saiam que ele precisa respirar e já é casado”. Como vomitou peço a uma cabelereira vizinha se pode me trazer água. Ela traz. Entra então (meia bunda na porta) uma senhora e me grita. “Ele não pode tomar água”. Eu digo: “eu sei, sou médica”. Ela: “e eu sou dentista”. Eu: “A senhora quer ver os dentes dele ou quer ajudar?” Ela: “meu marido é médico” Eu: “ótimo”. Chame-o para vir ajudar.
O paciente deitado. Peço para um homem parrudo do carro entregador de dinheiro para fazer uma ressuscitação melhor. Já disse, sou velha, sem força. Resposta: “sou do carro forte e tenho que cuidar do dinheiro”. Eu mereço ouvir isto. Peço ao menino fazer outra força e o homem continua falando. Uma mocinha berra que também é médica. Como os pacientes são “casos” para alguns colegas meus e eu que estava esperando o SAMU há quarenta minutos e tinha que trabalhar e NÃO PODIA nem eu nem ninguém leva-lo ao Miguel Couto, resolvi passar o “caso para a colega”. Passei e fui embora. Assisti da janela da casa onde fui ver outro paciente, quando o Samu chegou. Exatamente 60 minutos depois. Não há enfartão que aguente. Falei com o menino do BB que se por acaso não morresse, pela falta de oxigênio, ele viria “chamar urubu de meu louro” . E falei alto: “que morte bonita”. Grita uma mulher gordinha. “Como uma médica fala em morte?” Respondo: “é a que eu queria para mim, só que na minha cama e não no meio de dinheiro e gente estranha”. Ela: “que absurdo uma médica falar em morte”. Digo: “ A sra. queria que eu falasse em dentes?” “ A dentista já foi embora”. “A sra. quer morrer de câncer?” Saia de perto, ele tem de respirar, se é que ainda precisa. “como?, tá me botando um câncer?” Eu me assustei. Havia mais de dez mulheres, um perigo, mais de uma é um motim. Achei melhor tirar meu time de campo. Triste, morrer num banco, no chão, cercado de histéricas. O Samu já estaria chegando e já não era necessária, deixei o caso para a colega. Fui embora. Lembrei do Lula que diz que a gente tem que se tratar no SUS. Não sei porque ele não fez isto mas teria sido melhor, pois um dias depois vi no jornal o convite do 7º dia do enterro do dito senhor. Só queria dizer à esposa dele que ele já deve ter chegado morto no Miguel Couto mas a morte dele deve ter sido boa, cercado de mulheres e de cuidado. Lembre-se não saia para a rua sem o numero de telefone de quem pode ser chamado para não morrer no meio de estranhos e no chão. Deve ser chato. PS: a “colega”, não tomou conta do “caso” quando sai. Que feio, mocinha orgulhosa, pode acontecer com seu pai. Falando em SUS, o meu querido Dr. Jatene que enfartou, que sorte, dentro de um hospital, e não no Banco do Brasil, é um abençoado. Tomara que seja Ministro da Saúde de novo.