A FLIP
Fui
a FLIP achando que o F dizia
“feira”. Fora total. Era uma Festa. Uma festa.
Uma festa onde os amigos do rei, apenas eles, falavam. Tristeza.
Bom mesmo foi ver na entrada uma escultura fantástica. Uma cabeça enorme com dois cornos ao
lado. Tanto a cabeçona e os cornos
estavam cheios de cabeças de cerâmica, algumas de indigenos, outras de mulatos,
outras de ninguém. Enfim muitas
cabeças. Apenas um probleminha - as
cabeças , contribuindo ou mostrando de cara para quem chegasse estavam todas
amarradas por cordas. Queria não ser psicanalista
nesta hora e poder “admirar” esta obra de arte que demonstra que o SABER deve
ficar somente para as classes ricas da sociedade.
Quem
salvou a FLIP foi uma douta professora Cleonice e Maria Bethania, declamando
Fernando Pessoa. Parte ruim disto - um
casal de jovens a meu lado - a moça não largou o celular, mandando
mensagens e o namorado fazendo equações de matemática. E um monte de gente do lado de fora que não
conseguiu comprar a entrada.
Outra
coisa engraçada foi uma moça paulista
que estava lendo por meia hora um livro meu.
Não se assustem. Depois de trinta
minutos perguntei-lhe o que achava do livro
- faz cara de “bunda”. Era minha colega de profissão. Disse-lhe que eu era a autora e percebi que
ela estava interessada. Ficou reta, em posição
de batalha e me disse - “eu atendo 80
pacientes por semana e tem mais são particulares!” Eu disse, “parabéns! só atendo de vinte a
trinta pois atendo durante 90 minutos. Você
merece meus parabéns”. Viva Lacan!!!
Mas
FLIP vale a pena pelo grande numero de pessoas com as quais se estabelece
contato, mesmo que seja como o acima. Quem
ouve, sempre aprende algo. Valeu.
E valeu
saber que tudo lá é corrupto e falso. Até
as obras artesanais dos “índios”. Sorry! Tudo industrializado. Uma pena.
Alias falando em pena, comprei um fake-brinco , duas penas
maravilhosas. Coitado do
passarinho. Eu o comprei por dez
reais. Uma obra de arte da natureza com
o qual farei algo bonito pois quando ele não mais existir, eu me lembrarei
dele.
Obrigada
Patricia Calhau e Tamara Ramos por quase me obrigarem a ir. Obrigada
Noga Sklar, minha Editora KBR.
VALEU
MESMO!!!
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