CARMEM DAMETTO

Cara Angela Ursa,

Obrigada por chegar aqui. Gostei muito do teu trabalho com índios e falas nos crimes que se cometem com eles. Acho que como especialista em doenças mentais, eu devo me ater à genética das mesmas. Deixo para a Policia o crime. O social não influi tanto na criação por exemplo, de um esquizofrênico. Ele nasce (desculpa a aula), segundo Bion, um tremendo psicanalista, diferente do não esquizofrênico. Ele vai captar, desde o seu nascimento, o mundo da maneira que ele consegue e não como o mundo, representado pela mãe, É MESMO. Ele houve o que ela diz mas entende o que ele PODE. Se for do teu interesse poderia escrever mais sobre isso. Esquizofrenia, depressão, não dão em quem QUER, mas em quem tem propensão genética para TÊ-LAS. Tenta delirar e vê se consegues. Beijo Carmem.

Maira,

Só posso ser radical em questão de genética com as doenças mentais, porque tenho o histórico dos familiares e antepassados dos pacientes. Quanto ao CRIME, moro ao lado da Rocinha, e a grande maioria, enorme mesmo maioria dos habitantes não é criminosa. Realmente, só conheço dez ladrões (criminosos), e isto não serve para estatística. Seria nazismo. Mas creio que o social não influi tanto quanto imaginas sobre o desenvolvimento emocional de um bebê - se ele será um futuro marginal ou não. Se assim fosse, eu já teria matado umas 20 pessoas que tentaram me matar. Como já te disse, fantasias não faltam. Beijos Carmem